O antigo presidente e militante do PS, Luís Nazaré, deixa de estar ligado à instituição.
O governo vai extinguir o comité de estratégia dos Correios, entidade liderada pelo ex-presidente da instituição Luís Nazaré. A medida vai permitir ao accionista Estado poupar mais de 130 mil euros por ano, o que representa 15% da remuneração anual fixa dos órgãos sociais. "Parece-nos haver fundamentação suficiente que justifique a extinção do comité de estratégia dos CTT", revela o documento a que o i teve acesso e que é assinado pelo ex-secretário de Estado Paulo Campos.
Este comité de estratégia foi criado em Julho de 2008 - altura em que Luís Nazaré deixou a administração da empresa, dando lugar a Estanislau Mata da Costa - e é composto por um presidente e dois vogais. O primeiro recebe um vencimento de 3565 euros por mês e cada um dos vogais ganha 2860 euros.
Contactado pelo i, fonte oficial dos Correios diz apenas que a empresa "teve conhecimento desta decisão recentemente", acrescentando ainda que, como se trata de um desejo do accionista Estado, "a administração dos CTT não pode comentar uma decisão do accionista".
duplicação de funções A decisão de extinguir este comité teve por base as conclusões da auditoria realizada pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) que indicavam que deverá "ser equacionada a reestruturação orgânica dos CTT, em linha com a orientação expressa na resolução de Conselho de Ministros de 4 de Janeiro que prevê a redução de 20% do número dos membros dos órgãos de administração, chefias e estruturas de direcção. Essa racionalização evitaria a duplicação de funções e o acréscimo de custos dela decorrente".
O relatório vai mais longe e propõe ainda a extinção do comité de estratégia "no âmbito das medidas tendentes a uma redução dos custos operacionais da empresa e no âmbito das orientações estratégicas definidas para 2011".
Esta auditoria realizada pela DGTF pretendia analisar as funções deste organismo e verificar se o mesmo se encontrava sustentado em critérios de economia, eficiência e eficácia. Contudo, a auditoria concluiu que, tendo em conta os dados disponibilizados pela empresa, não foi possível "retirar conclusões quanto às vantagens ou não da existência do Comité de Estratégia e quanto à justificação do seu custo".
Apesar de reconhecer a importância dos temas que este organismo iria abordar - analisar novos projectos de internacionalização (Angola), criação de um modelo de negócio para os serviços financeiros em alternativa ao banco postal (novo modelo institucional sem licença bancária) e desenvolvimento de um modelo orgânico e operacional para a futura unidade de serviços partilhados - a auditoria admite que pode existir duplicação de funções na empresa do Estado, já que os CTT contam também como uma direcção de estratégia e desenvolvimento.
Os Correios dizem, no entanto, que "as funções desenvolvidas por cada uma destas estruturas são distintas e visam objectivos substancialmente diferentes, não se verificando qualquer sobreposição de funções".
gestão danosa A extinção deste comité era uma das várias exigências da Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa. Esta auditoria vem na sequência de uma série de denúncias feitas pela CT, na altura, à Inspecção-Geral das Finanças, ao primeiro-ministro e ao ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e que apontavam para uma gestão danosa por parte da administração dos Correios.
Os assuntos denunciados pela comissão de trabalhadores envolviam também matérias no âmbito da gestão das empresas - o que determinou a intervenção da Inspecção-Geral das Finanças - incidindo nas áreas relacionadas com aquisição/locação de bens, contratações de pessoal e política de alienação de bens e imóveis.
Sindicatos
Sindicato Nacional Trabalhadores Correios e Telecomunicações
Empresa CTT
Sindicato Brasileiro